A bupropiona é uma medicação útil no tratamento da depressão e do tabagismo. Já o naltrexone é uma medicação utilizada para o tratamento de alcoolismo e a dependência de opióides. Em um estudo duplo-cego, randomizado e placebo-controlado de 56 semanas de duração, foi-se avaliado a eficácia da combinação de bupropiona com naltrexone para a perda de peso. Foram selecionados 1742 participantes, com idade entre 18 e 65 anos e com o IMC entre 27 a 45, com sobrepeso/obesidade com ou sem complicações, como pressão alta e dislipidemias. Foi-se administrado diariamente 360mg de bupropiona + 16mg de naltrexone para 578 participantes, 360mg de bupropiona + 32mg de naltrexone para 583 participantes e placebo (cápsulas sem nenhum princípio ativo) para 581 participantes. Ao final de 56 semanas, constatou-se que a perda de peso foi de 6,1% no grupo 360/32mg, 5,0% no grupo 360/16mg e 1,3% no grupo placebo. Os participantes que receberam bupropiona/naltrexone, tiveram melhora em parâmetros como a circunferência abdominal, resistência insulínica, HDL, triglicérides e a Proteína C Reativa. Os eventos adversos mais comuns foram: dor de cabeça, constipação, tontura, vômitos e boca seca. Alguns participantes tiveram discreto aumento da pressão arterial. Os autores concluiram que: “A combinação de bupropiona/naltrexone de liberação prolongada pode ser uma opção terapêutica útil para o tratamento da obesidade”.
O mecanismo de ação é o seguinte: a bupropiona aumenta os níveis de dopamina e noradrenalina no cérebro. Uma das áreas estimuladas são os neurônios da POMC, no núcleo arqueado do hipotálamo. As POMCs são precursoras do hormônio alfa-estimulante de melanócitos (Alpha-MSH) e das beta-endorfinas. O alpha-MSH estimula o receptor de melanocortina-4, que leva a redução da ingesta alimentar e as beta-endorfinas exercem efeito auto-inibitório nos neurônios da POMC, levando a diminuição da eficácia da bupropiona. O naltrexone então agiria bloqueando os receptores de beta-endorfinas, potencializando o efeito da bupropiona sobre o apetite.
É importante salientar que somente o seu médico saberá se esta combinação farmacológica terá algum benefício para você. Existem outras opções terapêuticas para o tratamento da obesidade e a escolha das medicações deverá ser de acordo com cada caso em particular.
Referências:
DOI:10.1016/S0140-6736(10)60888-4
HORMONES 2015, 14(3):370-375
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